Tuesday, November 2, 2010

29ª Bienal de Artes - Arte & Política

Saturação e negligência. Duas palavras aparentemente paradoxais sustentam a política brasileira. Se por um lado, em época de eleições, a mídia é bombardeada de informações sobre os candidatos e suas boas intenções para o país, por outro, é só passar esse momento para que notícias sobre futebol, crimes e receitas culinárias passem a consumir os olhares curiosos da sociedade.

Ora! Esperar que todos se interessem por discursos eloquentes e horários eleitorais massantes não é uma boa estratégia. Afinal, em pleno momento de hipertextos, comentários rápidos e imagens, muitas imagens, ensaios de como ser um bom cidadão já se tornou clichê e ultrapassado. Por isso, estamos vivenciando uma nova tendência de divulgação política, que inclui o universo satírico das charges , vídeos humorísticos ("#votoserrapq"), campanhas on-line e artes plásticas vinculadas ao planalto central.

A 29ª Bienal de Artes de São Paulo não foge a raia. Ela tem sido, ao longo de seus quase 60 anos de existência, uma das mais importantes e controvertidas mostras de arte do mundo e adota o tema Arte & Política como foco desta edição. Os curadores colocam o dedo num ponto nefrálgico da cultura contemperânea ao explorar essa ligação. Afinal, faz um bom tempo que arte e política tem tido relações muito estranhas, pois um grande número de artistas e críticos defende que ambas não devem se misturar.

Os curadores Moacir dos Anjos e Agnaldo Farias afirmam peremptoriamente que a Bienal está ancorada na ideia de que é IMPOSSÍVEL separar arte e política. Essa impossibilidade se expressa no fato de que a arte, por meios que lhe são próprios, é capaz de interromper as coordenadas sensoriais com que entendemos e habitamos o mundo, inserindo neles temas e atitudes que ali não cabiam e tornando-o, assim, diferente e mais largo.

Esse projeto passa a ter como objetivo aproximar crianças e leigos do mundo artístico e da política em tempos de incredulidade com obras iterativas. Por mais que não pareçam ser explicitamente políticas, elas reservam muitos debates e surpresas para quem ousa embarcar no universo da arte contemporânea.

É imprescindível da uma “passadinha” por lá até dia 12 de Dezembro ou acompanhar as críticas pelos jornais. Vamos estender a política e os problemas do nosso país por todos os setores da sociedade e lembrar que, como diria Jorge Lima, “ Há sempre um copo de mar para o homem navegar".















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